UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ: BEAGLES USADOS COMO COBAIAS

O biotério da Universidade Estadual de Maringá confina cães da raça Beagles, que são utilizados em experimentos científicos nos laboratórios da universidade. O lema do biotério é Experimentação e Ética, isso porque os procedimentos, inclusive o sacrifício, são, supostamente, indolores. Além disso, há um canil de quarentena (60 m2), com sete gaiolas (7 m2) e um canil de manutenção de 127 m2 com 12 gaiolas (9 m2).
Entre os procedimentos conduzidos em animais nos laboratórios da UEM estão:  "modelo experimental de obesidade, de resistência a insulina, de hipoperfusão cerebral crônica, de isquemia cerebral, hipertensão, neurônios mioentéricos, de artrite induzida por adjuvantes, de perfusão hepática para estudos de metabolismo, atividade de produtos naturais com atividade leishmanicida, de modelos murinos de genotoxicidade de agentes tripanossomicidas, modelos murinos para P. brasiliensis, T. cruzi e Leishmania sp., além de procedimentos na área de técnica operatória e cirurgia experimental na Odontologia e Medicina".
A primeira questão a ser colocada diz respeito justamente à ética. Quem determinou que é ético criar, utilizar e matar animais para o benefício do ser humano? Nessa premissa está clara a idéia de que o animal é inferior ao humano, que pode ser usado e descartado pelo humano a qualquer tempo, que sua vida vale menos. Essa noção de ética aponta justamente para seu oposto, tendo em vista que a palavra ética remete à proteção dos fracos. O que o homem tem de superior ao animal nesse caso é apenas PODER. E não está definitivamente sendo ético, pois sendo o animal fraco e indefeso, a ética estaria em ajudá-lo, em protegê-lo, em dar abrigo, alimento e boas condições de vida. 
Sabe-se que o Beagle é um cão hiperativo, extremamente inteligente e sensível, que precisa de companhia, carinho, atenção e, sobretudo, espaço para correr. Reproduzi-los e mantê-los em canis, conduzir experimentos e depois matá-los é dar aos Beagles o que eles precisam? 
Beagles são seres vivos, que habitam o planeta como nós. Porque temos poder e não porque temos ética é que os usamos. O fato de serem dóceis, como afirma Vânia Antunes (coordenadora do biotério) os tornam ideais para o manejo. E aí reside mais uma vez a falta de ética: usar o fraco, o dócil, o amável para controlá-lo, para subjulgá-lo, para destruí-lo enfim.